Ensaio: Fusca 1973 (Luiz)

Há algum tempo vi em uma revista a propaganda de um carro com o seguinte dizer: “Agora quero ver seu filho pedir para descer um quarteirão antes da escola”, fazendo alusão aos filhos que não querem que os amiguinhos vejam seus pais e seus respectivos carros quando os levam para a escola. Ainda é muito cedo para Yasmin, com apenas 2 de anos, pensar nisso, mas aposto que mesmo daqui alguns anos ela não terá vergonha de chegar na escola a bordo do belo Fusca 1973 de propriedade de seu pai, Luiz Fernando. Kbça, como Luiz é mais conhecido no meio aircooled, leva sua herdeira com frequência a escola com seu besouro na mesma altura que você vê nas fotos e o carro está sempre impecavelmente brilhando, graças ao cuidado que possui com sua joia. 

Usar a expressão “parece um espelho” para descrever a pintura deste exemplar não é clichê, pois a carroceria realmente brilha muito, auxiliada pela vivacidade da cor Vermelho Ibérico, da Brasilia 75, originalmente chamativa, que ainda ganha ajuda dos produtos para estética automotiva da renomada marca norte americana Meguiars. Luxo puro!

Mesmo um leigo seria capaz de notar através das fotos deste ensaio que o carro sofreu mudanças em seu visual, realizadas com pequenos itens que fazem enorme diferença no resultado final. Quando Luiz me disse que estava com o projeto de abolir os cromados de seu carro, confesso que pensei em procurar ajuda psiquiátrica para meu amigo, mas durante a montagem do carro com a nova configuração, eu é que pensei em me internar, por nunca ter imaginado que o resultado ficaria tão bom.

Os mais conhecedores da história do Fusca saberão que o visual atual do carro é baseado em uma famosa versão vendida em diversos mercados na década de 70 e que nunca chegou ao Brasil, chamadas Jeans, em homenagem ao clássico e versátil tecido. 

As principais diferenças desta versão em relação as demais estão na ausência de cromados em peças como para-choques, aros de faróis, capa de piscas, maçanetas, frisos da carroceria e vidros, além dos adesivos na parte inferior das laterais e na tampa traseira. Mais para frente a cereja do bolo virá em forma de forração interna toda em Jeans, para fazer jus ao nome da versão.

Hoje o interior do besouro é basicamente original e conta com painel original imitando madeira Jacarandá, alavanca de câmbio Empi modelo Trigger com manopla de madeira, pedaleiras da mesma marca, cesta porta-copos/objetos e volante com aro de madeira original de um Alfa Romeo. 

Além dos já conhecidos piscas dianteiros do Fusca alemão, outros detalhes interessantes da carroceria, que são menos perceptíveis aos olhos leigos, chamam a atenção dos mais observadores. Tanto a tampa do motor quanto as lanterna traseiras são importadas, também dos modelos alemães, sendo que a tampa possui 26 aletas de refrigeração, contra 28 da nacional, e as lanternas são sutilmente maiores do que as que equipam o besouro tupiniquim.

Mas todos os acessórios relatados acima não trariam o resultado esperado se não fossem dois detalhes que fazem toda diferença: a suspensão absurdamente baixa e as belas rodas. O quadro dianteiro foi encurtado em 3 cm de cada lado e ganhou mangas de eixo deslocadas, além de catraca, enquanto a traseira possui facão regulável, que está sempre "nivelado por baixo" e deixa a cambagem das rodas traseiras bastante negativa, garantindo um visual insano em conjunto com as rodas Gas Burner 15xT5,5 com pneus Khumo 165/55 na dianteira e 15x5,5 calçadas Khumo 195/65 na traseira.

E então, após conhecer esse belo exemplar você não concorda que a pequena Yasmin vai até pedir ao pai para ser levada a escola pelo 73? 

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