Ensaio: TL 1972 (Luciano)

Que o Fusca é um fenômeno da industria automobilística mundial, ninguém em sã consciência pode negar, goste ou não do simpático carrinho, afinal foram 58 anos de produção e exatas 21.529.464 unidades fabricadas em todo o mundo. Além destes números, o besouro deixou um legado de inúmeros derivados construídos sob sua versátil base. No Brasil temos como exemplos o VW Brasilia e a família Volkswagem 1600, composta pela wagon Variant, o sedan “Zé do Caixão” e o cupê (ou fastback) TL, esses dois últimos que não alcançaram o esperado sucesso de vendas dos demais irmãos. O fato de não terem uma produção tão expressiva faz com que estes modelos sejam mais raros de se encontrar em bom estado de conservação. Achar um exemplar que, além de ter sido preservado ou restaurado de forma exemplar, recebeu uma personalização de bom gosto, que torna o modelo ainda mais incomum, não é das tarefas mais fáceis.

O taxista Luciano Cardoso Sa, que desde o final da década de 80 possuiu diversos Fuscas, todos devidamente personalizados com muito bom gosto, não pensou duas vezes em arrematar esta bela TL 1972 já criteriosamente restaurada, justamente por se tratar de um modelo pouco comum. Mas mesmo do jeito que estava o exemplar, apto a receber a famigerada placa preta devido aos diversos itens originais, como faróis Cibié, piscas Polimatic, lanternas Hella, frisos de alumínio etc, Luciano partiu para uma personalização simples, alterando somente itens de época que formaram um conjunto único que deixa qualquer um boquiaberto.

Como mencionado acima, o estado da carroceria é invejável, com uma pintura na cor Verde Folha (última ano que essa cor foi disponibilizada), alinhamento de portas e capôs de carro zero, todos cromados reluzentes, mas o que realmente chama a atenção são das as rodas Empi modelo Porsche 914 tala 5,5 com pneus Kumho 155/60 R15 na dianteira e Goodyear 185/65 R15 na traseira, que junto a suspensão rebaixada com mangas de eixo deslocadas, catraca para regulagem e quadro encurtado em 3,5 cm de cada lado na dianteira, enquanto a traseira recebeu ajustes no facão, ambos serviços realizados na oficina Ireis Mecânica Especializada em VW a ar.

O interior dessa TL merece tanto destaque quando o exterior, pois reserva uma surpresa, que só valoriza ainda mais esse exemplar: interior com forração na tonalidade caramelo, um opcional disponível na época mas pouco comum de encontrar. Outros detalhes chamam a atenção, como o pequeno conta giros no painel, instalado no local reservado ao relógio, o cobiçada dupla formada pelo toca fitas Bosch Los Angeles II e equalizador Tojo GR-180, além de uma curiosa alavanca de freio de mão de SP2.

Assim como quase tudo nesse carro, a mecânica foi mantida original e funciona como um relógio Suíço! Mesmo se tratando de um 1.600 com dupla carburação e escape Kadron de época (que tem um ronco delicioso para quem está fora do carro), ao andar no carro com as janelas abertas, não se ouve nenhum barulho, nem do motor ou qualquer outro barulho ou rangido, o que seria comum com o passar dos anos. A precisão do câmbio me fez ficar com raiva até do câmbio do meu plastimóvel... 

Observando esse belíssimo exemplar é possível concluir que sair do comum nem sempre significa ser extravagante, já que bom gosto e bom senso são primordiais em qualquer projeto.